Foi se o tempo em que o cão era o melhor amigo do homem. Agora eles são nossos filhos. Em nosso país, que tem a terceira maior população de pets do mundo, há 68 milhões de cães, ou melhor, filho de quatro patas.

Nesses lares modernos os cachorros são mais que meros companheiros, eles se tornaram confidentes, terapeutas emocionais e parceiros de vida, por conta de sua capacidade inata de entender e responder às emoções humanas, que geram benefícios psicológicos e emocionais para seus cuidadores.

Para Luanda Holanda, psicóloga, Bigode, seu novo amigo, chegou no momento certo. Após duas tentativas não finalizadas de adoção pet, a psicóloga se sentia muito sozinha com o avançar da pandemia e isolamento social. Assim, através de uma amiga ficou sabendo – do até então Bob – e soube imediatamente que era para ser dela. “Em menos de uma semana, ajeitei o apartamento e no dia 20/09/2020 Bob saiu de uma casa e chegou aqui um novo nome: Bigode. Costumo dizer que ele me salvou na pandemia e, muitas vezes, ainda me salva até hoje”, explica a tutora.

Esse novo status social elevou os cuidados com os animais de estimação, com investimento regular em creches, serviços de embelezamento, brinquedos, planos de saúde, alimentação saudável e demais soluções que melhorem o bem-estar e a qualidade de vida deles. 

“Segundo levantamento do Instituto Pet Brasil, o mercado pet brasileiro faturou R$68,4 bilhões em 2023, o que representa um aumento de 13,6% em relação a 2022, quando o faturamento foi de R$60,2 bilhões. E essa crescente é impulsionada, especialmente, pela mudança cultural em como vemos e tratamos nossos pets, que agora são considerados membros da família. Além disso, há uma maior conscientização sobre a importância do cuidado adequado, saúde e bem-estar dos pets, o que aumenta a demanda por produtos e serviços especializados”, explica Luana Wandecy, sócia da Blindog, e uma das líderes do Jerimum Valley, polo de inovação de Natal, Rio Grande do Norte. 

Mamãe ama, mamãe cuida

Segundo um levantamento da fintech Koin, 56,4% dos pais de pet gastam mais de R$ 200 por mês com seus animais. Já 29,2% desembolsam entre R$ 100 e R$ 200, enquanto 9% gastam de R$ 50 a R$ 100, e apenas 5,4% gastam menos de R$ 50.

Atalija Lima, de 41 anos, adotou Pacote, um shih-tzu de 4 anos, e precisou ajustar sua rotina. Com trabalho híbrido, Pacote vai à creche duas vezes por semana. Nos dias em casa, ele é ativo e adora brincar com suas pelúcias, que Atalija sempre precisa repor. Além disso, ela paga um plano de saúde para emergências, o que garante segurança nos cuidados com sua condição cardíaca.

A pesquisa também mostrou que 44,6% dos tutores levam seus pets ao veterinário uma vez ao ano. Outros 26,7% vão a cada seis meses, e 15,8% preferem consultas trimestrais.

Telma Guerios presenteou sua vizinha com uma coleira Blindog após o cão Freddy, de idade avançada, ficar cego. “Pude garantir seus últimos meses com dignidade e segurança”, contou, destacando a importância de proporcionar conforto até o fim.

Qualidade de vida e bem-estar

De acordo com dados da Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação), os produtos mais procurados no mercado são Pet Food, Pet Serv (serviços estéticos e de cuidados) e Pet Care (produtos de cuidados). Pet Food lidera, pois alimentação é uma necessidade básica e constante. O destaque para serviços estéticos reflete a tendência de humanização dos pets, com tutores buscando mais bem-estar para seus animais.

Luana Wandecy, líder em inovação, destaca que o crescimento dos produtos de cuidados mostra a preocupação dos tutores com a saúde e o conforto dos pets. Ela afirma que esses dados são importantes para a Blindog, que oferece soluções tecnológicas para aumentar a autonomia e segurança dos animais, especialmente cães cegos. Segundo ela, o mercado está em expansão e valoriza inovação e qualidade.